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"Um meio de comunicação flexível e democrático". Dia 13 de fevereiro: dia do rádio.

Convidamos Luana Viana, chefe da divisão de Rádio da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCOM/UFJF), para falar sobre esse meio de comunicação tão importante.


por Maria Heloisa Fortes


Quando se pensa em rádio hoje em dia, nós tendemos a pensar no passado. Em pessoas usando roupas de novela sentados em uma sala de estar ouvindo um único aparelho quadrado antigo, tentando prestar atenção ao que está sendo dito. Bem, era desse jeito que acontecia antigamente, mas o rádio não pertence mais apenas a esse tempo. Hoje, o rádio também se atualizou e em 2021 ainda está presente em todo o mundo. E é por isso que hoje, dia 13 de fevereiro, o MICA celebra e te convida a ler este conteúdo em homenagem ao Dia do Rádio!


Preparamos um infográfico para quem quer conhecer mais sobre a história do rádio! Clique na imagem para ampliar:







Hoje, no Brasil, ainda há uma grande parte da população que ouve rádio, cerca de 89%, segundo o site “Kantar IBOPE Media” em 2016. Belo Horizonte foi citada na mesma pesquisa como a capital que registra o maior número de alcance da audiência com 52 milhões de ouvintes. E em Mariana, temos diversas rádios que trazem informações e entretenimento para todos nós. Uma delas é a Rádio UFOP-Mariana, que começou a produzir conteúdo recentemente. Luana Viana, chefe da divisão de Rádio da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCOM/UFJF), nos cedeu uma entrevista em que conta mais sobre esse assunto.


(MICA) - Há quanto tempo exerce sua profissão no ramo do rádio? O que fez você escolher tal especialidade?


(L.V) - Eu atuo como Chefe da Divisão de Rádio da UFOP há um ano, mas trabalho diretamente com a pesquisa em rádio desde 2015. Minha escolha por essa especialidade é por gostar muito de tudo que envolve o rádio e as mídias sonoras em geral. Descobri essa afinidade ainda na graduação, também na UFOP, quando cursei a disciplina de radiojornalismo.


(MICA) - Vez ou outra ouvimos pessoas afirmando que o rádio está acabando ou que não tem mais tanta audiência nos tempos atuais, entretanto sabemos que pesquisas apontam que entre 89 e 91% da população brasileira ainda ouve rádio. Qual sua opinião sobre isso? Acha que o rádio ainda pode influenciar as pessoas?


(L.V) - A morte do rádio vem sendo decretada há anos, mais recentemente a partir da década de 1990, com a internet. Podemos dizer que o rádio vem sofrendo um processo de metamorfose e suas mudanças são justamente para que essa mídia possa se adaptar aos novos contextos. Dessa forma, busca por diferentes estratégias para permanecer ativo e influente. A própria internet permitiu que ele se expandisse: ela o fortaleceu ainda mais. Então, acredito e defendo que o rádio é um meio de comunicação que possui um grande destaque na sociedade.


(MICA) - Você acredita que existem fatores que possam ser determinantes nesse consumo atual? Por exemplo, faixa etária, contexto geográfico e socioeconômico que determinado grupo está inserido?


(L.V) - Acredito que o rádio é um meio de comunicação flexível e democrático. Se por um lado, temos um grande número de pessoas que se informam através dessa mídia em cidades do interior, principalmente em locais em que o acesso à internet é limitado, por outro, temos um grande número de consumo nas capitais. Em relação à faixa etária, diferentes idades também são contempladas por uma programação diversificada. Recentemente, temos visto um rejuvenescimento da audiência por meio do consumo de podcasts. Acredito, ainda, que o mesmo raciocínio sirva para o contexto socioeconômico, já que o ouvinte é considerado bastante heterogêneo.


(MICA) - Você acredita que a pandemia e o isolamento social interferiram de alguma forma no consumo e na produção de conteúdo radiofônico? E nos formatos?


(L.V) - Durante o período de isolamento social algumas mudanças ocorreram sim, sendo que algumas delas só serão perceptíveis daqui a algum tempo. Destaco o aumento no número de demissões de jornalistas e da precarização do trabalho desse profissional. Chamo atenção, ainda, para o consumo e produção de podcasts: dados divulgados pelo Spotify no ano passado revelaram que os ouvintes alteraram o horário de escuta dos podcasts. Antes, o consumo era feito pela manhã bem cedo, perto das 7 horas, e durante a pandemia, a escuta passa a ser maior por volta das 10 horas da manhã. Em relação à produção, a plataforma Deezer divulgou que os podcasts com conteúdo infantil tiveram aumento de consumo de 218%, os de treinamento esportivo, 194%, enquanto os de meditação, 132%. Já de acordo com um relatório divulgado pelo PodNews, em 2020, houve mais de 885 mil novas produções, uma média de dois novos podcasts a cada minuto. E o rádio teve uma participação fundamental nessa estatística, já que dois grupos de emissoras nos Estados Unidos estão entre os maiores produtores desse formato de áudio.


(MICA) - E sobre as rádios comunitárias: Você acredita que estejam crescendo/fortalecendo ou tendem a extinguirem-se? Conhece alguma rádio comunitária na região de Ouro Preto, Mariana e Belo Horizonte?


(L.V) - A meu ver, a internet proporciona novas possibilidades para as emissoras comunitárias ganharem espaço e conquistarem cada vez mais ouvintes. Se tais rádios passam por dificuldades financeiras para manterem-se no ar via rádio tradicional, talvez uma opção seja pensar a internet como estratégia. O importante é que as iniciativas não se percam em meio aos desafios. Nesse caso, cabe às próprias emissoras pensarem em estratégias específicas para que possam se fortalecer e não correrem o risco de fecharem as portas. Em relação à segunda pergunta, conheço em Ouro Preto a Rádio Província 98,7 FM e em Belo Horizonte a Rádio Favela 106, 7 FM.


(MICA) - Seu artigo “Estudos sobre podcast: um panorama do estado da arte em pesquisas brasileiras de rádio e mídia sonora'' explica o podcast enquanto modalidade radiofônica. Quais características do rádio você acredita que mais foram incluídas no podcast? E quais foram descartadas?


(L.V) - O podcast pode ser considerado modalidade radiofônica por utilizar a linguagem do mesmo em suas produções, sendo ela a combinação entre os seguintes elementos: palavra, silêncio, música e efeitos sonoros. Como semelhança, destaco aqui a capacidade de privilegiar as qualidades singulares e emocionais da voz humana para compartilhar experiências pessoais, a sensação de companhia que despertam, o sentimento de intimidade. O potencial de expressão é o mesmo e o podcast tem retomado produções antigas que eram muito características do rádio tradicional e que perderam espaço ao longo dos anos, como a produção de radionovelas e radio dramas, assim como os programas educativos. Em relação às diferenças, aponto a forma de consumo: enquanto a do rádio é síncrona, ou seja, o ouvinte escuta o conteúdo ao mesmo tempo em que é transmitido pela emissora, a do podcast é assíncrona, o ouvinte escolhe quando, como e por quanto tempo quer ouvir determinado conteúdo. No âmbito da produção, os podcasts tendem a ser voltados para um público muito específico, enquanto o rádio possui uma audiência mais ampla. Além disso, no podcast, qualquer pessoa pode ter sua própria produção. Isso favorece o aparecimento de novos atores sociais intermediando questões que antes estavam restritas aos grandes conglomerados midiáticos.



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